11 de dezembro de 2013

Lost in time

Longe vai o tempo que vivia na mentira, na palavra escondida, na traição que me fizeste viver, na dor que senti, na verdade que me atingiu e me deu a desconfiança para não ser mais a mesma pessoa que era. Tudo parecia tão falso, todas as pessoas, todo o mundo, perdi confiança em mim, nos outros, na vida, queria desaparecer não existir neste mundo onde lutar é exigido, contra tudo e todos, sem perceber para quê. Não retiro culpas de mim mesmo, poderei ter dramatizado demais, mesmo vendo que me estava a perder, quis ser maior, quis ser melhor, tive orgulho em me julgar quase superior e no fim fui traído pela minha condição humana, sou igual aos outros, feito dos mesmo condimentos. Perdi-me na dor, perdi-me todo, o meu estomago cedeu, a minha vida descambou, afoguei-me numa cerveja, escondi-me num moscatel, perdi-me nessas ruas e avenidas da doença. A minha mente cedeu, a droga tomou conta do meu espirito, a creatividade deixou-me, era um zombie do mundo vivo, onde só queria dormir e não acordar, ou pelo menos, não sair da cama. Estes momentos tiveram um impacto demasiado profundo na minha vida, ainda hoje sinto as suas consequências, mas fi-lo a mim próprio, se tivesse alicerces para sustentar a queda, teria sobrevivido, mas não estava preparado, caí na espiral e acho que lhe tomei o gosto. Para recuperar apoiei-me nas pessoas, nos amigos, na familia, sem eles mesmos saberem, mas mesmo assim, confiar era algo que jamais queria fazer, relações eram ideias longinquas de outros tempos, vivia de ocasiões. Até que entraste na minha vida, não vou dizer que me salvaste, que foste a minha enfermeira, mas vou-te dizer que foste a minha companhia enquanto lambia as feridas que tinha. Não estava preparado para agarrar-te e no fundo deixei-te fugir, mas não posso deixar de te reconhecer. Se calhar enfeitei-te, engrandeci-te, mas o tempo passou, e continuas no mesmo sitio em que te deixei, mesmo depois de te fechar a porta, mesmo depois de embarcarmos em outras aventuras, é estranho, é irreal... E saber que não sentes o mesmo é complicado, saber que nos dizemos especiais, que nos abraçamos como mais, que nos beijamos como mais, que existira sempre essa tensão entre nós, faz me pensar que nada ira resolver o que sinto... Nem o tempo,  nem a resposta... Não sei que dizer, acobardo-me para não perder, mas não aguento. Arrisco, digo o que sinto...sofro, perco, ganho, não sei, mas tenho de ser eu, tenho pressa, angústia de sentir a vida , de te sentir aqui, de te fazer feliz, oxalá... A esperança guia-me na escuridão deste mundo em que vivemos...

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